À Conversa com... Sarah Penner

17/05/2023

Entrevista

Olá a todos!! :)

Depois de ler "O Segredo da Boticária", a vontade de entender o racional por trás da história e da autora por trás dela levou-me a procurar a equipa de Sarah Penner para uma conversa que pudesse trazer-vos. A autora foi super disponível e a entrevista correu lindamente! Contudo, o problema que me impediu de voltar aqui durante tanto tempo também foi responsável por deixar este áudio na gaveta, por ser transcrito e partilhado como sempre o seu propósito.

Até que finalmente foi possível regressar, pelo que quis que a primeira publicação fosse esta mesmo, de modo a que pudessem conhecer a autora, e ainda para mais ela lançou agora outro livro (conto mais lá à frente!), por isso foi uma altura altura para que o som na gaveta se tornasse palavras a serem lidas por vocês. Vamos a isso! 


Imagine que havia uma sinopse sobre si. Como seria?

Ora bem… Vivo em São Petersburgo, Florida há uns cinco anos. Fui nascida e criada no Kansas, que é bem no meio dos EUA. Na verdade, o meu background é em Finanças, em que estudei e trabalhei por 13 anos, mas sempre adorei escrever! Escrevo desde criança, especialmente journaling e alguma poesia.

Há uns cinco ou seis anos atrás, decidi experimentar um livro de ficção! E escrevi o meu primeiro livro. Só que acabou a ser rejeitado (por mais de 100 agentes) e nunca será publicado. Então, escrevi "O Segredo da Boticária" e esse foi imediatamente escolhido por um agente e vendido à HaperCollins. E foi assim que há cerca de um ano atrás saí do meu trabalho em Finanças para escrever a tempo inteiro.

Agora, passo a maior parte dos meus dias aqui, a trabalhar, nesta secretária, onde estou a trabalhar no meu segundo livro… ;)




Nesta entrevista, vamos fazer uma viagem por uma botica antiga; começamos por explorar os duvidosos ingredientes que se escondem nas suas prateleiras e terminamos na mesa de trabalho, onde se criam os venenos para uma boa história.

I - Prateleiras de remédios

  • Poção de Cicuta (provoca vertigens e sensação de frio). O que mais a assusta no mundo?

Quando acordo todos os dias, sei que tenho de fazer algum tipo de trabalho no meu livro; sempre gostei de ser produtiva e fazer o meu trabalho! Por isso, não consigo suportar a ideia de que perdi um dia de trabalho ou que não o utilizei da melhor forme, esse stress é o que me deixa mais com frio e medo, especialmente quando tenho prazos apertados.

  • Auripigmento de arsénico (altamente solúvel em água quente). Qual o hot topic sobre o qual defende uma opinião forte?

Algo que estou sempre a defender é que todos devemos fazer uma coisa corajosa, e pode ser uma coisa pequena ou grande! Talvez seja um email que estás nervoso para enviar, talvez seja uma conversa com um chefe ou o marido. Incentivo todos a fazê-lo, porque todas as grandes mudanças na minha vida aconteceram depois de um ato corajoso! Na verdade, um dia gostava de escrever um livro sobre o que aconteceria se todos os dias tivéssemos uma ação corajosa!

E qual será a de hoje?

Tenho uma chamada com a minha agente. Levo a opinião dela muito a sério, mas ela é bastante crítica, e por isso tenho receio dessa reunião. Mas vai ser essa a ação de hoje!

  • Cantaridina do besouro da bolha (induz excitação e posteriormente incapacitação). É o tipo de autora que fica excitada e assoberbada com milhares de ideias, ou é mais uma escritora-planeadora?

Eu não tenho muitas ideias. XD Tenho apenas algumas, e depois penso sobre elas com calma ao longo do tempo, e tento ser lógica e estratégica sobre o que quero escrever e o que irá realmente vender.

  • Heléboro preto (provoca alucinações). Qual o seu maior sonho?

Viver além-mar! Não sei onde será, mas adoraria viver na Europa ou na Tailândia, pelo menos por seis meses.

  • Noz-vómica (veneno rápido e irreversível). Se pudesse mudar algo no seu trabalho, o que seria?

A minha maior avenida de melhoria é personagens, fazê-las viver nas páginas; seria isso que mudaria. Acho que todos temos oportunidades de crescer, não sou uma pessoa de arrependimentos por isso acho que é somente algo em que tenho de trabalhar!

  • Figueira do inferno (induz delírio imediato). O que a inspira na vida?

Viajar, sem dúvida. A maior das minhas ideias surgem-me quando viajo e visito lugares novos. As minhas várias viagens a Londres inspiraram-me de forma especial.

  • Teixo de cemitério (usa-se em quem já está doente ou debilitado). O que faz quando a inspiração está em baixo?

Em primeiro lugar, tento manter a calma. Um dos principais fardos de ser-se criativo é o stress. E o que devemos fazer é ouvir o nosso cérebro: preciso de tempo, de descansar, de cenários novos. E dar-lhe essas coisas.

Para além disso, também peço ajuda! Por vezes, bloqueamos simplesmente porque a nossa história tem um problema. E nada como falar com outro escritor, um amigo, um agente, alguém que possa despertar a faísca de que precisamos.

  • Cogumelo fálico (leva a uma morte lenta). Se pudesse escolher uma figura história ou política para enfrentar uma morte lenta, qual seria?

Hitler!

II - Mesa de trabalho

Quais os principais ingredientes que nunca podem faltar quando escreve uma história?

Eu escrevo sempre em computador, e preciso de ter sempre água. Geralmente tenho café perto de mim, mas hoje já bebi dois por isso não preciso de mais XD Ah, e os meus fones noise-cancelling (preciso mesmo de silêncio!)

Gosta de decompor as personagens em peças mais pequenas/camadas ao construí-las ou vê-as imediatamente como um todo?

Nenhuma das duas. Eu faço o rascunho da história e defino as suas motivações, sei quais são os seus desejos e problemas, mas a sua personalidade (forma de falar, gostos, etc.), eu descubro à medida que começo a escrever. É uma descoberta.

Como transforma as suas personagens ao longo da história? O que lhes dá sabor nesse processo?

Algo essencial em ficção é introduzir conflito em quase todas as cenas, e uma boa forma de caracterizar alguém é pensar como eles vão reagir nesse conflito. Ficam assustados, reagem com coragem, atiram a responsabilidade para outra pessoa? E acho que é a exploração dessas reações que lhes dá sabor.

Como foi fazer o paralelo entre passado e presente em "O Segredo da Boticária"? Foi tudo claro desde o princípio?

O título do livro nos EUA é "The Lost Apothecary" (A Boticária Perdida). E sempre que algo se perde, é descoberto. Por isso, eu sabia que haveria um segredo que ficou escondido por 300 anos, e portanto certamente um paralelo entre o presente e o passado, e também que a boticária era tão boa que nunca ninguém a descobrira. Sabia ainda que haveria um objeto da boticária encontrado pela Caroline no presente e que teria um impacto enorme para a história.

Então e os fornecedores…? Onde apareceu a história do passado, inspirou-se em alguma fonte concreta?

Eu já tinha a ideia. E foi depois que fiz uma data de pesquisa sobre as boticárias, como era o seu trabalho, como eram os venenos e até crimes que realmente aconteceram no século XX por envenenamento. Tenho muitas fontes no meu website, mas realmente queria garantir que todos os sintomas e formas de aplicação eram corretos a todo o momento.

Após fazer a receita, é altura de encontrar um cliente. Qual foi a parte mais difícil de ser publicada?

Depois da rejeição do meu primeiro livro, foi tremendamente difícil pensar em avançar com um livro no qual trabalhei um ano e meio. Foi preciso coragem para dizer que o livro estava pronto e enviá-lo aos agentes. Enquanto autores, nunca sabemos exatamente quando é que o livro está pronto, mas a certo ponto é preciso admitir que por nós está pronto e que agora precisamos de ajuda. Essa autoconfiança para me expor novamente foi realmente o mais difícil de fazer.

E agora… Este foi o último passo da receita? Ou… A poção ainda não está completa? ;)

Esta história está completa, mas estou a escrever o meu próximo livro, para ser lançado em 2024! Seja como for, gostava de escrever uma sequela sobre a história da Elisa, por isso de várias formas a poção d'"O Segredo da Boticária" não está ainda completa! ;)

Espero que tenham gostado! Entretanto, já pesquisei sobre este livro mais recente, e cá está ele no website da autora: The London Séance Society.

Muito obrigado à Sarah e a toda a equipa por esta conversa, que realmente adorei! A autora é super simpática e tranquilamente honesta, foi um ótimo momento.

Boas leituras!! ;)


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