O livro

Olá a todos!! :)

Outro livro que me leva a afastar-me do habitual estilo de leitura. Bem, se calhar é melhor conformar-me com o facto de eu já não ter um estilo de leitura específico, mas sim gostos que vão moldando aquilo que marco como boa ou má leitura.

Apesar disso, este livro não resultou de uma simples decisão de compra ou receção de uma editora. Em vez disso, foi-me oferecido por um amigo que tenho em grande consideração e que gosta de História ainda mais do que eu!

Trata-se de um livro em que Harari explora diversas temáticas atuais, numa extensa análise ao panorama internacional, e a partir daí cria um cenário futurista que lhe permite refletir e argumentar as 21 lições que tem para o nosso século.

"Os seres humanos pensam através de narrativas e não através de factos, números ou equações". É assim que se inicia o texto da primeira lição de Harari. E parece ser mesmo esta a afirmação que usa para a construção de todo o livro, porque, apesar de apresentar a realidade e até por vezes informações estatísticas, o autor nunca se esquece de que nos está a contar uma história e que é através desse fio narrativo que nos deve guiar.

E que história... Aquilo que Harari faz ao longo de todo o livro é analisar a realidade de forma lúcida e objetiva. Após isso, faz uso do seu vasto conhecimento sobre História (isto é, sobre o Homem) e usa-o para concluir os efeitos do que está a ocorrer na atualidade. Por diversas ocasiões, o autor reconhece os passos que se estão a dar agora e faz um paralelismo com algo que já aconteceu no passado da humanidade e usa as consequências deste passado para concluir as dos acontecimentos presentes (obviamente, com os devidos ajustes temporais).

A verdade é que (e confesso que isso me empolgou ainda mais) a visão futurista do autor é completamente disópica, guiando as ideias que discute (tais como o livre-arbítrio, a consciência, a inteligência e a felicidade) para um mundo escuro e perturbador.

Estaremos próximos de uma guerra nuclear? Eternamente presos à epidemia de notícias falsas que nos rodeia atualmente? E as máquinas, não poderão vir a tirar-nos o lugar? Será que as intervenções do Homem acabarão por o tornar irrelevante? Ninguém sabe com certeza a resposta a estas perguntas. Mas, depois da sustentação teórica dos argumentos de Harari e da veemência e realismo com que os apresenta, pelo menos por algum tempo deixo de ter tantas dúvidas quanto a esses tópicos.

É claro que existem partes mais interessantes do que outras. Para mim, por exemplo, enquanto a primeira foi lida quase de uma vez (já que era sobre o desafio tecnológico), outas que versavam sobre a Verdade e a Resiliência já não me conseguiram prender tanto, mesmo que incluissem diversas reflexões interessantes.

De qualquer das formas, mais ou menos interessado sobre os temas em causa, fui-me mantendo na leitura pela história e pelas habilidades do autor, a par das expressões engraçadas, bem típicas de um historiador.

Não aconselho este livro a todos. Apenas aos que já detém algum conhecimento histórico ou aos que se interessam verdadeiramente por estas temáticas e se identificam com algumas destas reflexões. Caso contrário, não prometo que a leitura não vá esmorecer rapidamente nas mãos do leitor. Seja como for, não tenho dúvidas de que este é um livro importante para a atualidade, onde se impele à tomada de algumas atitudes e se vai espicaçando o leitor a escolher um lado para formar opiniões. Em particular numa altura em que, segundo o autor, tendo as narrativas claras (liberalismo, comunismo, fascismo) caído, o mundo mergulhou num estranho niilismo. Numa situação em que o próprio Trump afirma que os EUA não precisam de dar uma visão, ninguém neste momento parece sentir a obrigação de o fazer...

Mas... Será melhor assim? Ou deveremos procurar uma visão, ainda que não muito extrema?

Será que essa narrativa vai surgir em breve?

Boas leituras!! ;)