Review: "Engenhos Mortíferos", de Philip Reeve
Editora: Editorial Presença
Autor: Philip Reeve
Edição: 2
Número de páginas: 264
Sobre o autor
Nascido em Brighton, em 1966, Philip Reeve foi livreiro durante vários anos e esteve ligado ao mundo do teatro. Antes de se dedicar à escrita (a qual lhe valeu uma invejável diversidade de prémios e sucessos), teve ainda oportunidade de se lançar à ilustração de mais de 40 livros infantis.
O livro
Olá a todos!! :)
Já há séculos que queria ler esta história! É claro que a saída do filme para os cinemas (e a sua nova capa - não é tão perfeita??) catapultou o meu interesse na sinopse arrojada de um livro que considerei absolutamente inovador. Pelo menos, até descobrir que esta ideia pós-apocalíptica já tinha sido publicada pelo autor pouco após 2000, o que torna essa conceção ainda mais valorizada e à frente do seu tempo!
Depois de uma guerra que destruiu a civilização como a conhecemos num míseros 60 segundos, as cidades negaram a imobilidade em terra e ergueram-se sobre rodas e motores, onde podem escapar a doenças e à radioatividade. Desde então que estas se caçam umas às outras para sobreviverem, com o predomínio das grandes metrópoles neste ambiente impiedoso do Darwinismo Municipal.
No meio de todo este cenário, Tom interrompe o seu trabalho de baixa posição no museu londrino para assistir à caça de uma pequena cidade devorada pela sua metrópole. O que não espera é encontrar o presidente do Grémio dos Historiadores, o herói dos livros que relê todas as noites... Muito menos, que este o tente matar quando o rapaz conhece o nome da rapariga que o tenta matar por vingança... Um fantasma do passado que poderia por em causa os planos cruéis do frio presidente Crome para a cidade.
Bem, o início deste livro é absolutamente fantástico! O autor introduz-nos no seu mundo com uma facilidade admirável, incluindo na sua reimaginação criativa da cidade de Londres, com edifícios e praças reconstruídos pelo meio dos diversos pisos ligados por enormes elevadores metálicos enferrujados. Tudo naquela realidade (interior e exterior a Londres), os lugares, as relações e dinâmicas entre os seus elementos, com espaço para problemas como a escravatura ou o genocídio, estão perfeitamente definidos e simplesmente apresentados.
E a criatividade não ficou de fora na construção das personagens, pelo menos inicialmente... Apresentadas de forma despretensiosa, entram imediatamente para o nosso coração. Contudo, com o passar do tempo na história, as personagens que vão surgindo soam cada vez mais superficiais.
Depois, a aventura começou. A uma generosa fatia de ação, recheada de lutas e riscos até ao final, sem dar tréguas aos conflitos, junta-se alguma reflexão, adicionada na medida certa.
Quanto à escrita, encontro-me seriamente dividido... O ritmo e conjugação de palavras faz-me considerá-la suave e deliciosa. Por outro lado, dado ser tão trabalhada, dificulta a visualização de algumas cenas, especialmente por efeito acrescido do vocabulário particular e aperfeiçoado.
A única coisa que posso apontar a esta história é que os sentimentos quase não passam de uma sugestão. Enquanto leitor, percebi o que o autor queria dizer e fazer-nos sentir. Mas a verdade é que não o senti realmente. É como se estivéssemos no meio de uma névoa de sentidos, na qual as emoções não passam do campo intelectual.
Mas isso não me impede de vos aconselhar a leitura do livro! Tudo o resto é irrepreensível. Ah, e o final vale muito a pena! Apesar de não existir um plot twist, a ação fica mortalmente frenética e só paramos na última pagina, que encerra uma reflexão anteriormente sugerida ao longo do livro...
Enfim, depois disto, só posso é ver o filme! E, claro, esperar para ler o segundo livro desta coleção, O Ouro do Predador, já com uma capa nova a condizer com a deste volume.
Boas leituras!! ;)
Oferta de:
Unboxings, updates de leitura e uma data de loucuras aleatórias! Não me digas que tens perdido...
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