Review: "O Ano da Morte de Ricardo Reis", de José Saramago
Editora: Porto Editora
Autor: José Saramago
Edição: (outubro 2016)
Número de páginas: 496
Sobre o autor
Nascido em 1922 numa família de camponeses, José Saramago publica o seu primeiro romance, Terra do Pecado, em 1947. Foi diretor adjunto do Diário de Notícias. Mais tarde, partilhou residência entre Lisboa e a ilha de Lanzarote, até à sua morte, em 2010, não sem antes receber o Nobel da Literatura, em 1998.
O livro
Olá a todos!! :)
Este livro foi lido por ser uma obra estruturante para a disciplina de Português, no 12º ano. Agora já não é "O Memorial do Convento" o livro de leitura obrigatória. Já o Saramago, esse mantém-se sempre no coração dos alunos (o que quer que isso queira dizer em cada caso). ;)
Bem, não tendo tocado no "Memorial do Convento", alegro-me por a escolha ter caído sobre "O ano da Morte de Ricardo Reis", já que (mesmo que não tenha propriamente adorado) foi o livro de Educação Literária que mais me agradou nestes últimos dois anos.
Bem, Fernando Pessoa morreu em 1935. No entanto, Ricardo Reis (um dos seus pseudónimos, médico, na altura de 48 anos) ainda não. E é nisso que Saramago se concentra neste livro, dando-lhe o final que este não teve. Após voltar a Portugal (do Rio de Janeiro), Ricardo Reis vê-se rodeado por um regime repressivo e uma Europa autoritária.
É neste clima que se hospedará no Hotel Bragança, se envolverá carnalmente com uma empregada de hotel e emocionalmente com uma jovem de Coimbra, filha de um advogado, que perdeu a sensibilidade (e movimento) numa das mãos. E tudo isto ao mesmo tempo que se vai encontrando com o fantasma de Fernando Pessoa.
Confesso que achei Saramago bastante criativo ao construir esta história, especialmente ao nível dos símbolos utilizados (e estou certo de que muitos me passaram completamente ao lado). Já a ambientação não me pareceu a mais eficaz (pelo menos, comigo)...
De qualquer das formas, o leitor é introduzido num Portugal controlado nos meios de comunicação e nos modos de viver, nos informadores e polícias à paisana. Assim como uma Europa nazi e fascista, que nos chegam através dos jornais lidos, em diversos momentos, por Ricardo Reis.
As personagens desempenham a sua função, existindo mais pelo que significam do que pela intriga propriamente dita. Ainda assim, a maioria consegue ser cativante, mesmo que um tantos irritantes ou sombrios. O próprio Ricardo Reis é que me pareceu demasiado desligado, egoísta até.
Quanto à narrativa, esta segue fluidamente. Pelo menos, a partir das cinquenta páginas, altura em que estilo do autor deixa de ser estranho para se entranhar. Os diálogos separados por vírgulas e a inexistência de pontuação a não ser a vírgula e o ponto final conseguem ser bastante confusos, a princípio.
Em suma, o livro utiliza o propósito de dar um final a Ricardo Reis para desenhar o cenário de Portugal três anos após a aprovação da Constituição do Estado Novo. Não foi uma leitura que me tenha prendido do início ao fim, mas vale pelo menos por este retrato (e para os que apreciam o estilo do autor).
Boas leituras!! ;)
Unboxings, updates de leitura e uma data de loucuras aleatórias! Não me digas que tens perdido...
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