Review: "Silêncio", de Shusaku Endo

19/07/2017



Editora: Dom Quixote

Autor: Shusaku Endo

Edição: (1990)

Número de páginas: 240




Sobre o autor

Nascido em 1933, o autor japonês vive de acordo com os fundamentos católicos desde os seus 12 anos, por influência da mãe (os pais separaram-se em 1933). As suas diversas obras costumam refletir o estigma do forasteiro e as suas vivências de infância.



O livro

Olá a todos!! :)

É verdade, já li este livro há cerca de três meses... No entanto, só agora escrevo a resenha deste livro, que (muitas décadas após a sua publicação) deu origem ao filme homónimo, lançado este ano.

"Silêncio" é um livro que nos traz a história de um grupo de missionários portugueses do século XVII que se terão deslocado ao Japão, não só para difundir o catolicismo, mas também com o objetivo secreto de terem notícias do desaparecido padre Ferreira, que tanto os marcou.

Mas, como se sabe, o Japão exerce uma profunda repressão sobre os clandestinos praticantes desta confissão religiosa, que vai contra o regime em vigor. E é este o clima vivido pelo leitor, e especialmente por um dos missionários, Sebastião Rodrigues.

Ao longo da obra, este enfrentará, mais do que o medo e a tortura, um dilema moral: o de desistir (pelo menos, a nível prático) da sua fé e denunciar outros crentes, ou de ser torturado e pior... Ver outros a serem torturados por sua causa!

A meu ver, o autor consegue mostrar esta situação penosa e as suas dimensões, incluindo os efeitos da mesma sobre a personagem, o que é um dos principais pontos positivos do livro. O autor recorre ainda a outras personagens, das quais se destaca uma, que já vivenciou uma realidade semelhante, apresentando intermitentes rebates de consciência.

Para além disso, o processo percorrido pela personagem é mote para uma ponte estabelecida entre este e o de Cristo durante a Via Sacra. No entanto, esta relação e a descrição da situação anterior, de tão detalhadas, conseguem ser repetitivas, o que lhes "retira" alguma qualidade, e mérito.

Outro aspeto que não me agradou muito foi o facto de as descrições não me permitirem visualizar os lugares, ou sequer imaginá-los com a mínima clareza. Mas penso que o filme colmatará essa falha.

(Sim, esses são mesmo os caracteres japoneses para a palavra "proibido")

Agradou-me a divisão da escrita do livro, numa parte em formato de diário (relatos enviados pela personagem ao país natal), e noutra na terceira pessoa, já que Sebastião não teria condições de escrever naquela altura, após ser capturado.

Todavia, a própria escrita e narrativa não me captou a atenção, talvez devido ao ano em que foi escrito, apresentando um vocabulário e uma estrutura frásica bastante diferente do habitual. Além disso, não existiu uma única personagem capaz de me cativar.

Por outro lado, o autor conseguiu entrar no clima e apresentar pormenores que nunca nos passariam pela cabeça, tais como a "sede" de objetos religiosos por parte das populações, as vistorias, as terras vizinhas à procura de um padre, etc.

Enfim, não obstante consideráveis falhas, este livro consegue colocar-nos na situação silenciosa e repressiva vivida, no dilema vivido pelo missionário português, obrigado a renegar os seus princípios. Mas será que o vai fazer...?

Boas leituras!! ;)


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