As Telefonistas (temporadas 4 a 6)

Episódios: 8/5/5 (50 min) - País de origem: Espanha - Ano: 2019/2020

A quarta temporada continuou a história habitual, numa sequência temporal muito seguida à terceira. Gostei muito dela, da mesma forma que das anteriores, e com alguns toques especiais com as histórias que desenvolve, sempre na mesma escrita pensada, no mesmo ligar perfeito entre as cenas, e ainda no mesmo dramatismo aparentemente leve e nostálgico mas tantas vezes duro que é tão específico da série. O que me irrita é sempre o triângulo amoroso entre o amor presente e o perdido da infância, e o quanto os comportamentos de um e do outro às vezes a fazem ficar baralhada... Apesar de tudo isso, Lídia é uma personagem forte e tremendamente determinada. Bem como a maioria das mulheres que protagonizam esta série, numa afirmação clara da figura feminina. Algo que pode fazer confusão a algumas pessoas é somente o facto de as músicas não remeterem para aquela época histórica; contudo, acho que contribuíram para uma naturalidade da vivência daquele tempo que de outra forma não se conseguiria.

Já a quinta e sexta temporadas dão uma volta completa a tudo. Mas completamente. Passam-se décadas e Lídia volta a Espanha para ir buscar a filha adotiva que decidiu ir lutar na guerra civil contra os fascistas apesar dos problemas que lhe fragilizam a saúde. E é então que a nossa protagonista encontra uma Espanha totalmente mudada, destruída e dividida. E as personagens que fizeram parte da história até agora estão em locais específicos dessa luta, em posições diferentes do campo de batalha. A asfixia provocada pelo domínio fascista, a luta pela vida, as mortes sem sentido, a fraqueza dos que ficavam presos em campos de trabalho. Adorei! E tudo no tom da série, que já me fazia sentir tanto. Foi uma redescoberta cinzenta das personagens e dos locais, um caminho final para as suas histórias que já tiveram tanta vida e que desembocaram afinal num quase vazio, num pó do que poderiam ter ainda sido...

Escusado será dizer que chorei no final. Mas mesmo muito. Credo! Esta última temporada mexeu tanto, mas tanto, comigo... Daí nunca ter conseguido escrever esta opinião. Parecia que tentava escapar a reviver todos estes sentimentos. Mas cá estou eu agora, a escrevê-la para vocês, já um pouco mais distanciado, mas ainda com a sensação de estranheza obscura e nostalgia acinzentada.

(Só uma nota! Algo que adorei foi também a presença de histórias LGBT numa trama do passado, e com uma abordagem natural na forma como surge, mas também de luta e resistência no seu desenvolvimento.)

Elite (temporadas 2 e 3)

Episódios: 8/8 (60 min) - País de origem: Espanha - Ano: 2019/2020

Esta aqui foi uma série "meh". Lembro-me das personagens ainda hoje, isso é certo, e indicia algo de muito bom, claro. Contudo, a sensação que tenho é a de que a vida daqueles miúdos era só festas, drogas e sexo XD Tipo... Não há um único episódio (e isto acentua-se na terceira temporada) em que não haja uma boa parte cujo set é uma discoteca louca. Claro que "faz parte", mas é realista que seja quase o tempo todo?

Há também, sim, algum mistério e suspense à volta dos assassinatos e gostei bastante disso, em particular das reviravoltas com que cada temporada termina. Para além de que há várias personagens das quais vamos desconfiando, mas que também nos são capazes de cativar. Não é de todo uma série bem escrita, mas aconselho a quem gostar do género e for um adolescente (mas um adolescente com alguma idade já, vá, para ter uma boa noção entre a realidade e o que vê no ecrã, porque o trabalho da produção nesse sentido deixa bastante a desejar...).

Pelo que percebi, falta só mais uma temporada para terminar a série, por isso talvez lhe dê uma oportunidade (e ao menos sinto que a vi completa XD). Dessa vez, prometo trazer-vos uma opinião completa! :P

The Crown (2ª temporada)

Episódios: 10 (52 min) - País de origem: Reino Unido - Ano: 2017

Ao contrário da dica anterior, "The Crown" não peca em nada na escrita ou na forma como está pensada. A segunda temporada leva-nos ainda mais ao interior das relações em Buckingham, despindo o palácio das imagens fabricadas e deixando a nu os traumas obscuros de quem o habita. Exploramos a relação da rainha com o marido, a irmã Margaret e a forma como conhece o fotógrafo com quem se casa, e ainda o príncipe Carlos, bem como o quanto sofre com a dureza do pai. E essa dureza? Também é posta a descoberto num episódio que, aliás, me fez soltar uma lagrimita. (Alergias, não entendem? XD)

As atuações são divinais, o design das cenas é fantástico e a fotografia irrepreensível, a sustentar o tom da série até nas quantidades de luz. "The Crown" é uma série realista, acinzentada, que revela com realismo e rigor uma ficção sobre a família real. Uma ficção que nos satisfaz a curiosidade, mas a aguça ainda mais e nos faz questionar. Principalmente sobre: Onde começam, afinal, os factos e começa a fantasia? O realismo é tanto, o detalhe está todo ali... Não falta mesmo nada disso. Só se peca por vezes pelo ritmo, mas numa série onde tudo faz sentido a diferença não é muito relevante. Os figurinos, os guiões, a banda sonora... Tudo. No. Sítio.

Sem dúvida de que a terceira temporada vai saltar para o play AGORA!

E foi isto! :) Espero que tenham gostado da minha opinião. Sem dúvida que foi um alívio para mim deixar isto assim mais "limpinho", deixar de sentir que tenho impressões em atraso para trocar convosco. Já vos falei de tudo! Quer dizer... Pelo menos de tudo o que ainda me lembro! :P

Boas leituras!! ;)